27 fevereiro 2007

Certeza (Fernando Pessoa)

Certeza (Fernando Pessoa)

De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...

Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro...

Trajetos e idéias...

Trajetos e idéias...

Queira mudar...
A mudança muda o mundo,
Pelo menos o seu, o seu eu.
Lutar sempre...
És a luta o cerne do triunfo da disputa,
Toda força de conduta quer liberdade,
Auto-libertações: das prisões, dos grilhões,
Cada passo dado, um ponto alcançado,
A subida do degrau, outro sonho concretado,
Sonhos, idéias e ideais,
São esforços, persistência e algo mais,
E o que pensar no final da noite?
Na noite com sabor de singela solidão?
Sem calor do sol (invisível),
Sol que agora brilha lá pelo Japão.
Face turva no vidro embaçado,
Um apagar-se aceso, um aceso apagado.
Mas vivo ainda o indício do eu acordado,
Olho agora meu intuitos,
Simples artifícios os que uso...
Sonhos encadeados, miúdos...
Sonhos a começar, querem pouco,
Sonhos miúdos... desejam quase nada,
Mas estão no caminho, seguem a estrada...
Saem do degrau inicial...
Mas chegam ao topo da escada!
Superados os degraus, as estradas...
Novas escadarias, outras jornadas...
O estar só é uma ilusão...
De cada lado um irmão,
Apoio certos, horas incertas,
Sanguíneos, afetivos, espirituais,
Ora irmãos, ora filhos, ora pais.
E volta turbulência, truculência, tempestade,
A vida é a complicação também, tenacidade,
Conspirações, forças opostas, maldade,
Ter fé nessas horas é o que deixa de pé,
Seguem vivos os princípios, e volta-se o início,
Algo me diz para ir, e seguir...
Objetivos positivos: bons indícios,
É a concreção implica em perseguir, insistir, não desistir!

Rodrigo Cardoso

BEM ME QUER

BEM ME QUER

Correr e capturar, despetalar com cuidado a flor,
Simplesmente para confirmar se ela bem te quer.
Busca singela da cara metade, do grande amor,
Hoje mesmo no meu sonho, visitou-me uma mulher...
Se me quiser, que seja por inteiro...
Em seu coração, que eu seja o primeiro...
Se for amor? Que seja verdadeiro,
E eterno que seja, até enquanto durar...
Intenso, sem cessar, se me vê: abraçar e beijar.
Do nascer ao por do sol... na noite, no luar.

Rodrigo Cardoso...

21 fevereiro 2007

SURPREENDENTE...

SURPREENDENTE...

Precisamos entender o magnetismo que nos une,
Inexplicavelmente estamos sendo guiados,
Um em direção do outro, nem há outro caminho.
Não é nada consciente, voluntariamente provocado,
Ou mesmo coisa premeditada e intencional,
Do contato não há objeção das partes,
Inteligivelmente a razão não explica,
E o acaso incrivelmente surpreende.
Os pés se unem, socializam calor...
Corpos se tocam, sentem-se bem quando próximos,
Lábios se tocando sem querer, ou já querendo.
Cheiro da pele, aroma de vinho ou coisa assim.
Ah, mas nada de perguntas complicadas agora,
Nada de saber de onde vem por onde começou,
Importante é o que se sente...
Quanta demora... mas pressa inimiga é da perfeição!
Quanto clichê, mistério, enigma...
Talvez o encanto more nisso,
Já que o tempo nos apresentou há tempos.
Tudo terno, belo,
Simples, singelo...
Combina com noite fria, com ar puro
E a chuva até tempera tudo...
É bom saber que nem há mais obstáculos,
As pontas afastadas tendem a se unir num só nó,
Ambas as partes são importantes...
Autores, atores, diretores, construtores da própria história,
Que termine pelo começo e comece pelo fim.
Desvario todo, que ganhe páginas novas.
E tudo fruto meigo do real acaso,
Sendo próspero será surpreendente,
Pois não tinha tanta pretensão de acontecer de fato,
Mas sendo, que seja concreto e abstrato,
Havendo doses ternas de sutilezas místicas, enigmáticas.
Por enquanto, tudo anda meio confuso,
Mas o enredo clama por positiva concreção...
Que os sentimentos distantes se misturem com o vento,
E semeei bons fluidos, outras boas sementes,
Preservando a safra boa já plantada,
Agregando valor ao que já existe,
Faltam palavras elucidativas,
Por hora, reticências...


Rodrigo Cardoso...

FILME REAL...

FILME REAL...


Questionar a mente, o coração e até o subconsciente
A razão quer dar palpite nas coisas da emoção
Eis então uma guerra de mundos
O racional luta de forma terna com o emocional
Seria tão simples ser apenas mero expectador
Mas bom mesmo é fazer parte do enredo,
Interessante também é ter o papel principal
Dantes a vida só reservara papéis coadjuvantes,
E agora urge uma participação melhor
Mas e o duelo? A quantas anda...
Resta saber quem terá primazia
Cabe indagar a competência para responder,
A sentença deve beneficiar as partes,
Emoção do início ao fim,
Curioso é que partes têm poder de sentenciar
E qual o nome de filme?
As personagens ainda não tomaram rumo
E talvez seja um enigma esperando solução,
Quem sabe a emoção não se une à razão,
Os inimigos convertendo-se em aliados,
Os amigos, amigavelmente amigando-se
Que o filme misture drama, suspense e ação,
Constando também doses de humor
E como há de ser sempre: final feliz!

Rodrigo Cardoso...

20 fevereiro 2007

momentos e fases... formas diferentes de enxergar

Noutro dia estava triste, numa lamúria intrigante, desolado, querendo mesmo desistir dos propósitos, sem querer acreditar que existem boas razões para ver o mundo de uma forma boa... E não enxergava beleza alguma nas músicas preferidas, não sabia e nem via o encanto da poesia, era tudo amargo mesmo, até o café que enchia de açúcar não tinha doce algum, estas coisas vem assim sem razão e marcam muito... A cada instante era tudo tão ruim, recebi um sim com toda engrenagem de um não, e no final o resultado foi não mesmo! Mas foi melhor até, serviu para entender mais as pessoas, e aprendi um pouco sobre a vida, é simples: não se desarme totalmente diante de alguém que não conhece, guarde algumas cartas na manga, e cuidado para não cair em nenhuma armadilha... Então, e a partir disso, estava fazendo esforço imenso para enxergar o cisco no olho e não ver as belas montanhas que diante de mim, os poucos motivos para me deixar triste se sobrepuseram diante dos milhões de motivos tenho para ser contente com a vida, quem explica hein? A dor do próximo parece ser tão pequena, mas quando dói em nós é diferente, dessa forma, só quem sente sabe ao certo medir a dor que está sentindo...

Mas na vida é tudo tão mutável, e a dor passa também, tudo passa, seja bom ou ruim, tudo passa. O tempo é senhor de tudo! Assim, num dia desses normais acordei querendo esquecer os ciscos e ver as montanhas, quis e acabei vendo mesmo...
E nisso pude perceber outra coisa: o segredo das conquistas do sucesso, das realizações do crescimento, vive em nós. Cada ser carrega em si duas possibilidades: buscar as coisas boas - o que há de bom -; ou ficar enxergando os ciscos ao invés de ver as montanhas... Então, nesse dia que parecia normal, senti o ar puro, a brisa, o verde nas árvores, a água da chuva que caia tão singela... E logo se fez sol, vi também o rio a correr e seguir seu curso... Aí notei que sou um rio também alvitrando seguir meu caminho até chegar ao meu destino. Para tal feito a receita é simples e pude perceber isso quando via as montanhas. Identifiquei que para chegar ao topo, para atingir o ponto almejado, é necessário apenas desejar ardentemente os desejos, acreditar nos propósitos e descobrir o que é necessário para atingir tal anseio... No fim resta dizer algo inteligível: a vida simples, nós que as vezes complicamos tudo...

Rodrigo Cardoso

13 fevereiro 2007

Metade - Oswaldo Montenegro

Oswaldo Montenegro
Metade

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corroa por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção.

E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também.

12 fevereiro 2007

SHANGRILÁ

SHANGRILÁ
Shangrilá: meu fiel e grande amigo,
Queira dizer se há algo errado contigo?
Por que calaste, quando tinha que falar?
E por que falaste, quando era para calar?

Mundo sem razão... O que está acontecendo?
Shangrilá me explique! Pois, não entendo!
Se precisares de mim, tu podes confiar,
Vou correndo, dar-te o ombro pra chorar...

Mas, também a ti pedirei algum auxílio.
Vou até... solicitar-te um singelo exílio.
Refugiar-me-ei em meu “canto” no seu coração.
Dê-me nesse instante, uma dose de atenção.

Ao me olhar no espelho, não estou me vendo.
Alegria está morrendo, a tristeza vai vivendo.
A maldade está nos outros. “Outros” sou também.
Egoísmo vive, ninguém se preocupa com ninguém.

Shangrilá, a hipocrisia agora mora ao lado,
É triste falar: a verdade hoje é algo antiquado.
Tudo está tão complicado, só em ti confio,
Sem tua amizade estarei ilhado, num imenso vazio.

Ajuda-me a levantar com as “quedas” sofridas.
Pegue um “remédio” para curar minhas feridas.
Porém, tem remédio se as feridas são no coração?
Só o tempo cura! É uma questão de tempo então...


Shangrilá: caminho da felicidade.
Shangrilá: carinho, afeto, amizade.
Versão mais pura da bondade.
Pedaço mais completo da verdade.

Te encontrei

TE ENCONTREI...

Quem talvez procura, não encontra
O acaso inusitado é surpreendente
Não te procurava e te encontrei
Fiquei assim então contente
Em cada dia fico te descobrindo
Vou te encontrando a todo instante
No pensamento, nas lembranças,
Até no sonho sinto o gosto do beijo,
O conforto do teu abraço é um refúgio,
Adoro me perder em você, no seu amor,
Então passa o tempo e nem notamos
Cai a noite, nasce o dia,
Perfeita companhia,
Eu acho que fui feito pra você,
E tenho certeza que foi feita pra mim.
Não desperte tão cedo,
Fique em baixo da coberta,
Enlacemo-nos novamente dos pés a cabeça,
Sempre é como se fosse nossa vez primeira.
Um instante longe é saudade intensa,
Parece que ficamos distantes uma estação.
E quando não há primavera é tão ruim,
Mas mesmo assim eu mando flores.
Causa e conseqüência da felicidade,
Pedaço e paraíso todo.
Quem nos vê logo percebe,
O sentimento é evidentemente belo.
É tão simples o nosso sentir: amor!
Fácil tradução, completa simetria.
Para ser mais direto: TE AMO!
Cada momento ao seu lado é único,
Consideravelmente inesquecível,
Meu fluxo intenso imenso de amor.
Inesgotavelmente te quero, te gosto,
E mesmo distante te vejo nos sonhos,
Beijo-te até nos meus pensamentos,
É a loucura mais perfeita e necessária,
Que nossa relação seja mistura homogênea,
Que nada nos separe ou nos afaste,
Todas as palavras são insuficientes,
A emoção em questão é bem e tão maior...

EU E OUTRO EU, EU MESMO... NOS AMAMOS...

"Amar e mudar as coisas me interessa mais" (BELCHIOR).