17 novembro 2010

Lagrimas desobedientes

É possível tentar fingir uma dureza no se portar
Procura-se às vezes digerir em silêncio o sofrer
É condicional a relação tênue do sofrer x amar
E sobre o fim inesperado nem sei o que dizer.

Faltam palavras, por dentro um incômodo forte
Os planos se esvaem, a tristeza chega duramente
Se conseguir dormir nessa tempestade é sorte
Viver um dia de cada vez: solução mínima, rasante

Pior é a hora em que costumava ouvir a voz amada
Espera incessante, inquieta ansiedade veio me ver
Diversas sensações, saudade manifesta, desorientada
No rosto lágrimas desobedientes insistem em escorrer

Nem se precisa mais admitir a visível fraqueza
O telefone não tocou, isso bastou; o mundo então caiu
Abalou-se ou encanto do estar junto, a pureza
Falta o chão, a fábula de sonhos enfim ruiu

Sumiu a poesia, o romantismo, o terno encanto
Agora é uma agonia, um vazio a incomodar
Ficou uma tristeza que não cessa, e um pranto
O colorido vivo da vida começou a desbotar

Sei que finita há de ser esta dor
Ouvi de alguém: “isso vai passar”
Virão melhores dias, seja como for
Tudo vai dar certo, assim quero acreditar
As lágrimas desobedientes ainda cairão
Insistentes, por um tempo, estarão a existir
Por enquanto, sempre haverá propícia ocasião
Acredito que num belo dia disso tudo irei sorrir


***SIMPLES POEMA, ESCRITO NO DIA 16.11.10, DEPOIS DE TER RECEBIDO DE UMA PESSOA ESPECIAL, UM TORPEDO QUE RESUME A DOR DE UMA SEPARAÇÃO. SERVE DE HOMENAGEM À TERNA CUNHADA MINHA. 

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"Amar e mudar as coisas me interessa mais" (BELCHIOR).